segunda-feira, 24 de maio de 2010

Nem todas


O tema moda tem sido tão frequente no nosso cotidiano. Observo por mim que tenho lido cada vez mais sobre o assunto. Entre outros motivos, porque o Brasil tem se tornado “gente grande” aos olhos dos gringos dos grandes centros de moda. Ronaldo Fraga, Glória Coelho, Lino Villaventura, Walter Rodrigues e Alexandre Herchcovitch, que inclusive fazem parte de uma coleção deslumbrante de estilistas brasileiros, editada pela Cosac Naify, são alguns que estão aí para nos mostrar que não é só de moda praia que vive a exportação brazuca nesse setor.


Se por um lado essas pessoas apostam na ousadia, na criatividade e na diversidade, outras tornam o tema tão cafona. A edição mais recente da Veja Rio trouxe uma matéria de capa cujo título grita: “Todas querem ser como elas”. Você certamente já deve ter ouvido algo sobre as “it girls”. Segundo a reportagem, trata-se da evolução do termo “patricinha”, ecoado ao longo da década de 90. Trocando em miúdos, as “it” fazem muito mais do que manter a aparência impecável, “virtude” defendida com unhas e dentes pelas Patty Girls. “São batalhadoras, bem resolvidas na profissão”, segundo o perfil da revista, e odeiam ser lembradas como dondocas. Viva! Muito bom que o comportamento das girls tenha evoluído, mas quanto ao desejo de todas nós querermos ser como elas, é um pouco demais.

Prova disso é a relação extremamente inventiva que a publicitária mineira Cris Guerra tem com a moda. No blog Hoje vou assim, espaço que ela usa para expor seus looks diários, Cris pinta e borda, reinventa, cria, constrói e incita um tipo de expressão pra lá de autêntica. Atitude que me fez lembrar da boa matéria “Em busca do feminino perdido” da revista Bons Fluidos (edição de abril), que merece ser lida. “O problema é quando a mulher usa a beleza somente como arma de sedução e não como expressão”, destaca a matéria. A Cris, como eu e possivelmente como você, não frequenta os grandes desfiles de Paris, Nova York e Milão a cada troca de estação, mas é atenta e atualizada na medida do seu corpo, da sua rotina e da sua realidade. Outra blogueira que dá o que falar e que faz parte da tribo “do jeito que dá” é a carioquíssima da gema Ana Carolina, dona do Hoje vou assim OFF, uma versão, digamos mais econômica, do seu amigo Hoje vou assim.


Em comum, a diversão e a desobrigação de ter de seguir à risca o que mandam as cartilhas de moda. Ponto para as que não vendem a alma ao diabo pelos hits da estação, pelo simples fato de tê-los, que fique bem claro. Ponto para quem respeita suas singularidades. Ponto para a criatividade. Ponto também para quem não dá conta de ser assim tão criativo e vive numa boa. Ponto para as expressões artísticas fantásticas que a moda pode alcançar. Alexander McQueen que o diga.

Nem todas querem ser como elas, que fique bem entendido!

7 comentários:

  1. Renata, como posso dizer? Amei. Que lindo. O último parágrafo então, dá vontade de copiar e colar no meu blog.

    Ponto para pessoas de sensibilidade, como você.

    beijos!
    Ana

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  2. Re, essa coisa das It Girls é mesmo uma coisa que me irrita, viu?
    Em que universo seria possível todas nós querermos ser formatadas de acordo com a It Bag ou o It Shoe do momento? Ah nem...
    Como eu li aqui (http://dechanelnalaje.wordpress.com/2010/05/12/procura-se-o-lado-b-dos-blogs-de-moda/), é melhor deixar o termo It para as coisas, já que a gente é muito mais she e me!
    Beijocas

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  3. Gosto de gente ousada! Admiro quem se coloca na contra mão - e pontua - e abre os horizontes de uma sociedade tão formatada e previsível! Adorei! Beijos

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  4. Só vc msm! Muito interessante, concordo plenamente, adorei!!! Parabéns pelo blog amiga! Bjao

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  5. Sou lojista do Parana.Gosto de acompanhar seu blog .Preciso estar muito antenada .Voce me ajuda muito! bjs Bete

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